segunda-feira, 1 de abril de 2013

[ ENTREVISTA ] - Nata de Lima | Manger Cadavre?

Nata de Lima é a vocalista da banda Manger Cadavre?, de hardcore/crust (que possui ainda influências de grindcore e sludge), do Vale do Paraíba/SP. Conversamos sobre a banda, shows e questões sobre a cena. Confira:

QoS- Conte um pouco do início da banda. Fale sobre as mudanças e dificuldades que enfrentaram.
Nata: O nosso baterista, Marcelo, e o ex-vocalista, Jux, tinham gostos musical bem semelhante em relação a bandas que dificilmente você vê qualquer um ouvindo. Nisso, no final de 2011, resolveram montar a banda. Chamaram o restante dos integrantes e me convidaram para tentar fazer um segundo vocal (tentar, pois até então eu nunca tinha berrado, cantado na vida). Assim começou a banda. Após 5 meses de ensaios, começamos a fazer shows.
A maior dificuldade que enfrentamos foi o fato de os integrantes morarem em cidades distintas aqui no Vale do Paraíba. Isso influenciou negativamente os ensaios, pois isso acarretava um gastos maior de dinheiro e de energia para que pudessemos ensaiar. Isso acarretou em uma troca e diminuição de integrantes, permanecendo apenas eu, o Marcelo e o Jonas (que assumiu a guitarra e passou o baixo para o Marcelo Augusto, o mais novo integrante.) Mudamos bem o estilo, baixando a afinação e deixando as músicas em uma mescla de hardcore/crust com aspectos de metal e sludge (apesar da música mais longa possuir apenas 2´40´´). 

QoS- Como foi para você desenvolver as técnicas para o vocal? Qual é a reação do público nos shows ao ver que você, uma mulher, possui um vocal tão brutal assim?

Nata: Eu fui aprendendo as técnicas de vocal com toques de outras pessoas que já faziam gutural e tutoriais na internet. Com o tempo fui adquirindo um pouco mais de potência, apesar dos meus problemas respeiratórios que me impedem de dar berros mais longos. Minha meta atualmente é resolver essa falha. Em relação ao público, há um certo espanto, pois eu sou pequena... já procuraram até distorção no palco, pois não acreditavam que a voz saia realmente de mim. Algumas pessoas estranham mesmo, mas a maioria demonstrou gostar.

QoS- Como é o cenário independente na sua região? Fale um pouco das bandas, produtores e público.
Nata: O cenário independente já esteve mais forte que hoje. Muitas bandas encerraram atividades, os shows em sua maioria são de bandas cover (apesar de eu entender totalmente que esse tipo de show é necessário para que as casas de shows se mantenham financeiramente) e os produtores tem dificuldades na realização de shows independentes. Na contrapartida, as bandas que se mantiveram vem se aprimorando e causando muito orgulho! São exemplos o Orgasmo de Porco (Crossover), Lo-fi (Punk Rock), Chaos Synospis (Death Metal) e tem banda voltando a ativa, como a Devastação Sob Terror (grindcore). É um cenário complicado, mas a insistência em não deixar morrer vai além do bom-senso (rs) e fico muito feliz em ver que aqui no interior há qualidade tanto quanto há na capital. O público, mesmo quando escasso é doente na hora de agitar! É nego cantando as músicas, voando em stages-dives, mosheando! Fazem qualquer show valer muito a pena!




QoS- Quais são os planos da banda? 
Nata: Nosso plano é compor mais algumas músicas e finalmente gravarmos nosso primeiro álbum. Nossa dupla de cordas (Jonas e Marcelo A.) está se dando muito bem, paralelamente ao nosso batera que adaptou as músicas (Marcelo k,), e a criação está fluindo. Se tudo der certo até o meio do ano lançaremos juntamente com os dois singles que liberamos como bônus. Em relação a shows, não serão muitos, mas serão com qualidade. Temos o problema de trabalho e o Jonas que está fazendo faculdade... mas iremos focar na qualidade.

QoS- Qual foi o melhor show de vocês?
Nata: Até o momento acho que foi o que tocamos em São Paulo no finado Sattva Bordô, no qual estávamos tocando com o Le Mars (grindcore SP) e o Stoma (grindcore Holanda). Estava bem cheio, eu me senti mais a vontade, vendemos merchandising (rs), uma galera veio conversar com a gente... Mas a banda estava em outra formação, e a estrutura das músicas mudou bastante. No próximo dia 14 iremos fazer nosso primeiro show comigo sozinha nos vocais e com a reformulação das músicas, e estamos muito empolgados com isso.

QoS- Cite e comente sobre 3 influências nacionais e 3 internacionais da banda.

Nata: Nacionais 
- Confronto; apesar de hoje se caracterizar mais como death metal, fato que nos agradou muito, gostamos desde o metalcore, com pegada mais para hardcore. Na primeira fase da banda, foi influência direta na composição. 
- DFC; banda que respeitamos demais pela sua forma irônica de fazer críticas (muitas vezes com letras em primeira pessoa a fim de mostrar o quão ridículo o oprossor soa). Na banda não tem nada exatamente que seja influência direta, mas como os quatro gostamos muito, alguma coisa deve ter (nem que seja na hora de mandar se fuder no inferno, rs).
- Desalmado; é uma banda de grindcore que possui claras influências de death e thrash metal. A influência em nossa banda está no sentido que o vocalista, Caio, é que me ensinou métrica e algumas dicas para manter a potência. Todos da banda somos fãs!

Internacionais
- Catharsis; a ideia de fazer músicas de hardcore de uma forma diferenciada e com um letras que contivessem doses de niilismo veio do Catharsis. Sinceramente, eu gostaria de poder cantar como o Brian, mas já que não consigo, adaptei para o meu possível.
- Napalm Death; muitas pessoas não conseguem definir nosso som corretamente, muito por conta da influência de Napalm Death em algumas músicas. Não somos uma banda de grindcore, não temos blastbeat em nenhum som! rs... no entanto há referências, sim, de Napalm no Manger Cadavre?
- Fall of Efrafa; é a banda que mais trouxemos referências nessa fase atual da banda. Pegamos o crust mesclado com sludge, vocal urrado exporádico, etapas rápidíssimas seguidas de uma quebrada tensa. 





QoS- O que você acha que falta para fortalecer o underground nacional?
Nata: Sinceramente, menos guerra de egos, menos crescimento via contatos e sim via qualidade, menos panelas e batendo no clichê, união verdadeira que prese o crescimento do coletivo, e não só o próprio.

QoS- Quantos shows fazem por mês ou semestre aproximadamente? A banda segue algum tipo de meta interna?
Nata: Após essa reformulação da banda, decidimos que queremos fazer menos shows e ter mais qualidade. Nossa meta é fazer de 1 a 2 shows trimestralmente, mas é claro que as exceções podem acontecer.

QoS- Esse espaço é seu. Use-o como quiser!
Nata: Gostaria de agradecer a todas as garotas do hardcore e metal que lutam para abrir e fortalecer o cenário. Agradecer aos meus amigos de banda, Marcelo Augusto, Marcelo Kruszynski e Jonas! Eu acredito muito em vocês e fico muito feliz por tê-los na banda. 
E garotas, montem mais bandas! ;)

MAIS SOBRE A BANDA:


https://www.facebook.com/mangercadavre





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